Thursday, October 25, 2007

É que não é para bater no ceguinho...


... mas tenho mesmo que ver se arranjo as chapas do "The Tech" que isto está-me a dar cabo do scanner.
Ontem estava planeado eu participar numa visita que estava a ser organizada ao reactor nuclear do MIT (que fica mesmo no campus e, tanto quanto sei, é operado por alunos). Infelizmente tive que desmarcar que surgiram-me outras duas coisas com prioridade àquela hora e durante um tempo fiquei um bocado chateado com a situação, por não poder ver o reactor. Às tantas pego no jornal para saber o que se estava a passar pelo campus e eis a notícia que vejo na capa.
De repente fiquei um bocado menos chateado por não poder ir...
P.S. - fiquei a saber depois que a visita toda foi adiada para a primavera, pelo que ninguém acabou por ir.

Monday, October 22, 2007

Coragem ou falta de chá?

Hoje, no âmbito do SIP (Sloan Innovation Period) assisti a uma palestra intitulada "Leadership on Wall Street", dedicada ao tema razoavelmente óbvio de liderança em Wall Street.

A primeira pessoa a falar foi um Managing Director do Citigroup (sim, eu sei que em banca de investimento os títulos são um bocado exagerados mas é basicamente um banqueiro de investimento bastante sénior) que é também o chefe de recrutamento do Citibank na MIT Sloan.

Sobre o tópico da liderança, ele resolveu falar um bocado sobre os problemas que afectam a gestão de topo do Citigroup (que basicamente tem um CEO muito criticado na comunicação social que não parece ter a confiança de ninguém nem fazer o preço das acções subir nem por nada mas o Conselho de Admnistração não parece encontrar ninguém melhor para o cargo - parece vagamente familiar com a situação nalgum banco português?). Contudo, começou por falar mal do actual CEO do banco, Chuck Prince, que aparentemente veio da divisão jurídica de uma das empresas que o Citigroup comprou (segundo ele, "Não percebo como é que alguém que nunca gerou um dólar de receitas para o banco pode ser o CEO de um banco como o Citi") e depois fomentou um debate entre a plateia sobre que possíveis opções é que o board do Citi tinha para resolver o problema e as implicações disso (no decorrer do debate ainda aproveitou para mandar umas bordoadas ao antigo CEO do Citi, que supostamente foi muito bom mas que queimou demasiadas pontes quando saiu para poder voltar).

Não é que não aprecie a honestidade e a franqueza com que ele abordou os problemas do seu próprio banco mas ser posto assim sem mais nem menos na posição de um board member do Citigroup sem direito às regalias que eles têm é um bocado estranho. E não deixo de pensar se será apropriado um empregado (bastante sénior) do Citi falar daquela forma...

Sunday, October 21, 2007

As coisas estranhas não se passam só no MIT...

Vindo de Portugal, para poder ter uma carta de condução americana a minha não me serve de nada - tenho que fazer um novo exame de código e condução (até aí tudo bem, é a prerrogativa dos Estados e não há nada que eu possa dizer).

Agora a coisa estranha é o que eu descobri hoje - se tivesse um brevet europeu e o quisesse converter para um americano era só uma questão de preencher uma papelada junto da FAA. É que convenhamos, as diferenças entre voar um avião ligeiro na Europa quando comparado com os EUA são muito maiores que as diferenças entre conduzir um carro na Europa e um carro nos EUA.

Friday, October 19, 2007

Pelos vistos não estou à tempo suficiente aqui em Boston...

...ou como certas coisas ainda me surpreendem.


Após dois meses e meio aqui pelo MIT já nada do que vejo pelo campus me devia surpreender. De facto, há um dormitório de undergrads por aqui que tem um nome estranhamente adequado, Random House (literalmente, "casa aleatória"). Contudo, nada me preparou para algumas coisas que vi ontem e hoje.


Começemos pelo início - ontem à noite, após ir sair a Boston, estava a regressar a casa pela Memorial Drive (a marginal de Cambridge) quando ouço um barulho estranho a vir do Killian Court, um pátio relvado em frente ao famoso Great Dome onde são realizadas as cerimónias mais formais do MIT. Fui ver o que se passava e qual não é o meu espanto quando vejo um grupo de rapazes e raparigas a jogar Naked Frisbee - ou pelo menos é a minha interpretação do que se estava a passar, envolvia discos voadores e pessoas em roupa interior (ok, ok, eu sei que roupa interior não é tecnicamente estar nu mas à 1 da manhã de uma quinta-feira de Outubro em Boston é suficientemente perto).


Hoje de manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço, peguei no jornal "The Tech" e ponho-me a folhear, quando me deparo com este anúncio:
Ao que parece, há um grupo de pessoas no MIT, intitulado de mitBEEF (http://web.mit.edu/mitbeef/) , dedicado à promoção do consumo de produtos de origem bovina* (claro que a este ponto o facto do primeiro tesoureiro do grupo ser um vegetariano já não deveria surpreender muito). O anúncio no jornal era a convocar uma manifestação em frente ao MIT Medical porque este grupo lançou um panfleto sobre vida saudável para estudantes onde recomendava a redução no consumo de carne vermelha. Quando passei lá perto na hora marcada (num dia de chuva) estavam cerca de 6-7 alunos com cartazes a apelar ao consumo de carne, a protestar contra os panfletos do MIT Medical e a distribuir carne seca e panfletos informativos.

*na verdade pouco mais deve ser que um grupo de pessoas que se juntam para comer bife.


Wednesday, October 17, 2007

Curiosidades sobre o jogo e/ou a "famiglia" real do Mónaco

Estive hoje numa palestra organizada no MIT, por um grupo chamado Technology & Society, relacionada com o tema do jogo (nomeadamente casinos e jogos on-line) e como eram afectados pela tecnologia. No painel estavam o Ben Mezrich, autor do best-seller "Bringing Down the House" (sobre a famosa equipa de Blackjack do MIT, que, segundo ele, "may or may not still exist" - vai sair em filme no próximo ano, com o Kevin Spacey a fazer de professor de matemática do MIT), uma professora do MIT, antropóloga social, que andou a estudar a indústria das slot machines e uma psicóloga ligada à Harvard Medical School que tratava viciados em computadores.

Os dois primeiros comentadores contaram uma série de histórias interessantes sobre a indústria do jogo. Não vou entrar muito em detalhe (até porque a maior parte delas deve estar nos respectivos livros) mas a professora do MIT foi especialmente interessante, saber o tipo de truques que os casinos usam para manter as pessoas agarradas às máquinas (a quantidade de pessoas de idade nos casinos americanos é tal, com as excursões organizadas por lares de idosos e tudo, que ao que parece há casinos em Las Vegas que oferecem free oxygen re-fills and prescription medication).

No final tive oportunidade de falar um bocado com o Ben sobre a equipa do MIT (que, para quem não sabe, foi banida de todos os casinos dos EUA e da Europa após ganhar entre 3 e 5 milhões de dólares no blackjack). Ao que parece, contar cartas não é proibido nos EUA (pelo que eles nunca foram presos) mas os casinos, que não podem banir alguém por causa de raça/sexo/orientação sexual, podem proibir alguém de entrar por ser demasiado esperto (será que vão começar a fazer testes de QI à entrada?). É verdade que os casinos mandam uns seguranças que levam a pessoa para a sala das traseiras onde ela é ameaçada, dizendo-lhe que vai presa e tudo o resto, mas como aparentemente a máfia já não controla o jogo em Las Vegas (só a prostituição) pouco mais lhes podem fazer. Na Europa, onde supostamente a máfia tem um maior controlo sobre o jogo, as coisas são diferentes - quando foram apanhados no casino de Monte Carlo uns tipos russos levaram-nos para um descampado onde lhes apontaram armas. Segundo consta, a família real monegasca, que para além de ser dona do condomínio privado onde se encontra Monte Carlo e cabeça de uma ditadura absolutista é dona do casino, tem uma "parceria estratégica" com um grupo de homens de negócios russos de reputação duvidosa que os ajuda a tratar de alguns assuntos (porque é que será que eu não estou surpreendido?).

Isto de um gajo estar fora do país é no que dá

Então não é que entro no site do jornal "A Bola" para ver a que horas é o jogo com o Cazaquistão e vejo que o Makukula não só foi convocado como jogou na selecção A? Portugal está assim tão desesperado, a jogar tão mal, que tem que meter o Makukula a jogar? Não só isso como tivémos que esperar até ao minuto 81 para marcar o primeiro golo.

Tenho que dar uma palavrinha ao Scolari quando for a Portugal pelo Natal...

Tuesday, October 16, 2007

Mais uma vez, sem comentários...

Da edição de terça-feira 16 de Outubro de 2007 do The Tech, o jornal mais antigo e mais lido do campus do MIT*



*não, não é um comentário, é uma descrição

Thursday, October 11, 2007

I bow to the masters...

Até hoje julgava que a minha curta carreira até ao momento me tinha já exposto a um bastante diverso leque de bullshit e tido o privilégio de ver em accção alguns dos melhores players do sector. Contudo, nada do que eu já tenha visto (nenhum PD, nenhuma reunião com sócio, nada) me preparou para o que eu vi hoje na aula de Organizational Processes (OP).


A seguir a falarmos ao SWOT (uma análise bastante over-rated mas enfim, o que é que se há de fazer?) a professora saca-me de um framework maravilha intitulado The Matrix of Change(tm). E não, não estou a gozar convosco, o framework tem mesmo trademark (nem sabia que se podia fazer isso). Aquilo é bullshit do mais puro e inadulterado que há, acabadinho de sair do intestino grosso de um boi - o pior é que acho que é esperado que tenhamos que aplicar aquilo no projecto que temos que fazer para a cadeira. Escusado será dizer que caso eu fosse um executivo de alguma empresa e alguém me mostrasse aquilo numa apresentação a reunião acabava logo ali.


Uma vez que aqui nos Estados Unidos é quase obrigatório meter a informação nutricional em tudo (acreditem ou não até as garrafas de água têm informação nutricional, com tudo a zeros obviamente) decidi criar um rótulo adequado para o framework:


É bom ver a motivação na companhia

Nas ultimas duas semanas o campus do MIT tem sido quase inundado por empresas a fazer apresentação de si próprias e dos seus programas para alunos de MBA (vou-me excusar por enquanto a fazer uma comparação detalhada entre as sessões de recrutamento dos vários bancos de investimento). Ontem ao almoço fui assistir a uma apresentação da General Motors (GM), em parte motivado pela curiosidade em saber porque é que uma empresa automóvel quase falida estava a gastar tanto dinheiro para tentar recrutar MBAs (incluindo pagar uma corrida de karts - mais adiante).

Ao que parece, a GM contrata cerca de 8 a 12 pessoas vindas de MBA para cada um de três grupos (o New York Treasurer's Office, como eles lhe chamam, um grupo de finanças e outro de consultoria interna - os dois últimos no Michigan). A apresentação até me despertou alguma curiosidade na empresa (especialmente o NYTO - pareciam ter algumas actividades bastante interessantes) mas reparei em dois pontos que me pareçeram algo recorrentes (especialmente tendo em conta a apresentação do dia seguinte): o desfilar de razões para convencer alguém porque é que Detroit é um bom sítio para se viver (ao que parece é preciso mesmo muita persuasão para se convencer alguém a mudar-se para lá) e o constante impingir de produtos GM (tentar convencer-nos a comprar um carro GM, incluindo o "employee discount" só porque estivémos na apresentação).

No dia seguinte a GM patrocinou na íntegra um evento do MIT Sloan Automotive Club, que alugou um autocarro para nos levar a uma pista de karts nos arredores de Boston onde fizémos um torneio, seguido de um jantar e de uma breve apresentação da GM (também pagou o aluguer para o fim-de-semana de um "Chevrolet Corvette ou equivalente" para o vencedor - acabou por ser um Cadillac sedan...). O tipo que estava a fazer a apresentação da empresa desta vez (um gajo mais novinho), para além de não parecer ter muita convicção no que estava a dizer saiu-se com pérolas como (do género ou equivalentes):

- "Os nossos carros já não são assim tão maus, a qualidade tem melhorado bastante."
- "Há quatro anos atrás quando me juntei à GM nunca pensaria em comprar um carro deles, agora troquei o meu carro por um Saturn (marca da GM) e estou bastante satisfeito"
- "Por favor comprem um carro GM, estão a pagar o meu salário"
- "Detroit não é horrível"

Com um discurso daqueles não sei como é que alguém pode ter dúvidas em concorrer...

Sunday, October 7, 2007

Uma coisa que ainda me faz confusão aqui nos EUA...

...é a maneira como eles anunciam na televisão medicamentos que só podem ser vendidos com receita médica. Envolvem sempre frases do género "Diga ao seu médico que precisa de XYZ", que é como quem diz "O que são anos e anos de estudo e experiência comparados com o intervalo do Dr. House?".

Para fazerem publicidade a medicamentos as empresas têm que deixar claro nos anúncios na TV os efeitos secundários do medicamento, seja oralmente através do narrador ou via texto que dê para ler. Na puritana televisão americana é algo comum ouvir-se frases do género "Se tiver uma erecção que dure mais de quatro horas consulte o seu médico" mas a frase que mais me partiu foi a que vi escrita no anúncio de um spray nasal para as alergias: "The way Veramyst works is not totally understood".

Friday, October 5, 2007

Aprende-se/deduz-se uma coisa nova todos os dias

No outro dia tive uma aula de micro-economia razoavelmente interessante onde falámos sobre monopólios. O professor nunca alegou isto (na verdade até não achou o argumento particularmente adequado) mas a conclusão lógica que eu tirei é que a sociedade como um todo não tem que estar preocupada com o monopólio da De Beers no comércio de diamantes. Eu passo a explicar:

Quando, num mercado, um monopolista fixa a quantidade produzida e o preço (no ponto em que custo marginal é igual a receita marginal, numa quantidade menor que os consumidores estariam dispostos a pagar) o "consumer surplus" (desculpa Bruno, não sei o nome em Português) é reduzido por uma quantidade maior que o aumento no "producer surplus". O resultado é a redução do "total welfare" (o que realmente deve preocupar a sociedade).
Agora atentemos no mercado dos diamantes - o conceito de "consumer surplus" não faz sentido, uma vez que diamantes é algo que uma pessoa não precisa. Sendo o CS zero independentemente da quantidade produzida, o "total welfare" para a humanidade na verdade aumenta com o monopólio.