Thursday, March 13, 2008

Inacreditável

É sempre bom ver o nosso banco promover subversões às mais elementares regras de civismo.


Sunday, March 9, 2008

Se calhar não devias estar a dizer isso agora...

O MIT (ou melhor, alunos do MIT) organiza todos os anos um concurso de empreendedorismo chamado MIT $100K (que na verdade começou como o MIT $10K já atribui prémios que se aproximam mais do meio milhão de dólares). Este concurso, largamente reconhecido como o maior e mais prestigiado concurso de empreendedorismo nos EUA, é destinado a trazer tecnologias desenvolvidas nos laboratórios do MIT para a esfera comercial e já foi responsável por lançar empresas que se tornaram grandes sucessos como a Akamai (eu sei que nunca ouviram falar dela mas se estão a ler este site a probabilidade de que já a tenham usado é alta).

Este ano, pela primeia vez, houve um prémio dedicado especificamente a start-ups no sector aeroespacial (um dos 7 prémios sectoriais específicos, para além do grande prémio), apesar de desta vez ter tido apenas 5 participantes (não totalmente surpreendente, dado o baixo nível de empreendedorismo no sector aeroespacial em geral). Uma vez que o principal organizador desta track também pertencia a uma equipa que estava a concorrer pediram-me para ajudar no dia em que iam ser escolhidos os semi-finalistas, recebendo os juízes e ajudando em tudo o que fosse necessário.

Um dos juízes era um capitalista de risco que tinha alguns investimentos no sector aeroespacial, incluindo na Eclipse Aviation (a empresa que lançou o mercado dos very light jets), apesar de esse não ser o foco dele. Na recepção final, enquanto conversávamos sobre a Eclipse e os problemas que eles tinham tido, ele vira-se para mim e diz "Só depois de eu ter investido naquela empresa é que eu soube do velho ditado na aviação, 'a melhor maneira de uma pessoa se tornar um milionário na aviação é começar como um bilionário' ". Não tenho bem a certeza se esse é o tipo de coisas que um juiz num concurso destinado a promover o empreendedorismo no sector aeroespacial deva andar a dizer...

Saturday, March 8, 2008

As semelhanças com Portugal

Quem disse que em Boston era tudo diferente? Acabei de passar outra vez na Vassar Street, uma rua perto da minha casa que vai ter à Massachussets Avenue, a avenida principal de Cambridge.

A Vassar Street tem estado sujeita a umas obras relativamente simples, não tenho a certeza mas penso que tenha apenas a haver com a instalação de canos ou cabos subterrâneos, ou qualquer coisa do género. A rua leva cerca de 10 minutos a atravessar a pé mas a verdade é que as obras duram desde Agosto e não há fim à vista. É normal ver lá máquinas de construção, cones, barreiras de cimento, etc. mas pessoas a trabalhar nunca lá vi nenhuma - quase que faz lembrar a portagem dos Carvalhos, perto do Porto. Se algum dia passar por lá e vir um gajo com uma pá na mão a cavar rodeado por 10 mânfios a mandar bitaites já fico a saber que o modus operandi da construção civil portuguesa já chegou a Boston.

Não sabia que já eram independentes...




Já agora, o título do menu drop-down (ocultado) é "Country of residence for tax purposes" (País de residência para efeitos fiscais).

Wednesday, March 5, 2008

Coisas que ainda me conseguem chocar

O estado do Massachussets tem possivelmente uma das políticas de "saúde" mais neo-liberais que se possam imaginar, sendo obrigatório para todos os cidadãos terem um seguro de saúde privado sob pena de pagarem multas severas nos impostos. Como é que é possível, do ponto de vista constitucional, um governo estadual obrigar um cidadão a dar parte do seu rendimento (mesmo que não tenha nenhum) a uma empresa privada é outro assunto...

Continuando: hoje de manhã tive uma aula de uma cadeira sobre a aplicação de métodos numéricos/quantitativos a problemas complexos de gestão (na verdade não se aprende nada naquela aula, é mais o professor a vangloriar-se de coisas que fez ao longo da vida, mas enfim). A aula de hoje era sobre uma empresa, onde uns alunos de doutoramento tinham feito um projecto, que basicamente se dedicava a recolher informação médica de várias empresas de seguro de saúde e correr análises para "estimar os custos de tratamento futuros para melhorar a qualidade do serviço" (que é como quem diz "Ai apareceu-te cancro? Então pagas o prémio que a gente te disser e é se queres"). A empresa tem uma base de dados actualizada com informação (basicamente o registo médico quase todo) sobre 9.1 milhões de pacientes de várias fontes.

Fiquei tão chocado com o que ouvi na aula que fui imediatamente ao site do meu seguro de saúde (fornecido pelo MIT) para entrar em contacto com eles no sentido de lhes lembrar, nos termos mais veementes possíveis, que o meu registo médico (que eles têm na forma de facturas detalhadas de todos os procedimentos e diagnósticos das consultas ao médico) é algo privado e sujeito a protecção, e pedir uma lista de todas as entidades externas com quem eles partilharam essa informação, incluindo maneiras de ser retirado dessas bases de dados. Como boa entidade que vive na margem da moralidade que são, contudo, a Blue Cross / Blue Shield recusa-se a publicar no site deles um e-mail genérico para uma pessoa poder entrar em contacto, sendo só possível, a muito custo, encontrar moradas para situações muito específicas e números de call-center onde, por certo, alguém em Bangalore que mal fala Inglês vai atender sem fazer o mínimo de ideia do que eu estou a falar.

Saturday, March 1, 2008

Há gajos que abusam...

Quase toda a gente que já frequentou uma universidade teve a necessidade de, por qualquer motivo, comer alguma coisa durante uma aula. Às vezes não se teve tempo para almoçar, acordou-se tarde e não se conseguiu tomar o pequeno-almoço ou algo assim. Nessas situações uma sandes e uma bebida, ou um bolo e um café, desde que não prejudique a aula é geralmente considerado aceitável pela maioria dos professores (especialmente se for num anfiteatro grande, onde não incomoda tanto).

Contudo, há certas pessoas que abusam. No primeiro semestre tinha uma colega minha que volta não torna trazia um bagel do café ao lado num pratinho e se dedicava, no início da aula, a espalhar os conteúdos de uma embalagem individual de queijo-creme com uma faca de plástico. Este semestre, no entanto, encontrei algo que supera tudo.

Numa aula que eu tenho sextas-feiras às 9 da manhã (numa sala pequena, com cerca de 10 alunos, btw) um tipo que não é da business-school (portanto MIT a sério) tem por hábito tomar o pequeno-almoço. Para tal, traz de casa num tupperware uma quantidade apreciável de cereais que se apressa a regar com a embalagem de litro de leite que traz com ele antes de os comer com uma colher de plástico. Quando lhe apetece variar, a embalagem de meio galão (quase 2 litros) de sumo de laranja natural do supermercado é um bom substituto. Quase que estou à espera de o ver na próxima aula com farinha e um rolo da massa para amassar pão em cima da secretária antes de o cozinhar num forno de campismo (uma vez que facas grandes e animais vivos não são encorajados no recinto do MIT presumo que ao menos esteja salvo de uma visão de bacon do-it-yourself).