Thursday, April 10, 2008

Entrada para tuga

O metro aqui em Boston funciona com um sistema de portões para entrar, como o de Lisboa. Para quem, como eu, em vez de um passe semanal tem um cartão recarregável com dinheiro (ou para quem usa bilhetes normais) existem dois tipos de portões: os portões normais (onde se paga $1,70) e os que eu chamo os portões tuga (onde se paga $1,25 e supostamente para deficientes, apesar de nunca haver controlo).

Regra geral eu tento respeitar o espírito da lei e passar nos portões normais (a não ser que esteja com pouco saldo no cartão). Contudo, há certas estações de metro onde há entradas (em geral não a entrada principal) onde todos os portões são para deficientes, e eu quando entro por aí tenho mesmo que poupar os 45 cêntimos.

Agora o aspecto interessante é: essas entradas onde só há os portões para deficientes em geral só são acessíveis por escadas (não por elevador ou qualquer outro meio que possa ser usado por uma cadeira de rodas).

É Primavera!

Só para vos dar uma pequena ideia de como é o clima em Boston, estamos quase a meio de Abril e mesmo assim não se vê uma folha nas árvores (nem mesmo em alguns arbustos). Não levei roupas quentes para o Brasil na esperança de que quando voltasse o tempo já estivesse melhor e a consequência natural foi que ia gelando no caminho de volta do aeroporto.

O resultado é que, quando temos um dia como o de hoje, com sol e quase 20º de temperatura (apesar do vento) as pessoas parece que saem do estado de hibernação e ficam malucas. Vêm para a rua em t-shirt, andam a passear com um sorriso desmedido nos lábios e parece que não conseguem falar de outra coisa senão o tempo (e não por uma questão de cortesia victoriana). Como é natural, ninguém se dá ao trabalho de olhar para o estado do tempo amanhã e reparar que vão estar menos de 10 graus outra vez e o resultado natural vai ser muita gente desapontada.

Friday, April 4, 2008

Corporate Social Responsibility

A mania da "Corporate Social Responsibility" (CSR) está muito na moda. Toda a empresa respeitável (e mesmo as não respeitáveis) hoje em dia publicita as suas acções de CSR, imprime relatórios gigantescos a cores para mostrar como se preocupam com o ambiente e trabalhadores, etc. Uma verdadeira indústria nasceu à volta desta moda, desde consultores a fundos de investimento dedicados a empresas "responsáveis". Pertencer ao Dow Jones Sustainability Index (DJSI) é considerado o maior marco de honra, um sinal de elevados standards éticos e práticas morais, e algo que possibilita alguns investidores institucionais "limpos" a investir na empresa.

Hoje ouvi discursar o Gary Loveman, o CEO da Harrah's, que se orgulhava muito da sua empresa pertencer ao DJSI, por dar muito dinheiro para caridade, etc. Até aí tudo normal, não fosse o pequeno pormenor da indústria onde a companhia opera. A Harrah's é uma das maiores empresas da indústria do jogo a nível mundial, com mais de 50 casinos só nos Estados Unidos.

Se calhar os critérios para pertencer ao índice são industry-specific, e no caso da indústria deles apenas significam "fazem um esforço por não rebentar muitas rótulas".