Sunday, June 22, 2008

Formas de ingestão de medicamentos

Já tinha visto muitas formas de se tomar um medicamento. Comprimidos, xaropes, supositórios, fórmulas solúveis, etc. etc. etc. Contudo, nunca tinha visto uma que fiquei a conhecer agora - chocolate. É verdade, aqui nos EUA há um medicamento que é vendido (na farmácia) sob a forma de uma barra de chocolate da qual uma pessoa deve comer dois quadradinhos de cada vez. O problema é que o remédio em causa é um laxante, e comer uma barra (pequena) inteira é o equivalente a três dias de tratamento. Sou só eu ou há aqui um potencial para se pregar umas quantas partidas interessantes?

Wednesday, June 11, 2008

Os camionistas em Portugal

Esta conversa toda sobre o preço dos combustíveis já mete nojo e a quantidade de demagogia que para aqui vai (em Portugal e todo o mundo) leva-me sériamente a meter em causa a inteligência da raça humana. Não vou entrar por aí porque o que tenho para dizer provavelmente não caberia nesta página mas há um ponto que não posso deixar passar em claro.

Como seria de esperar lá vieram para a televisão os coitados dos camionistas a criticar os "grandes" que têem sempre as costas largas e continuam a trabalhar enquanto os outros paralisam (a palavra grandes claramente merece aspas porque a Luís Simões, maior empresa do mercado ibérico, tem uma quota de mercado de cerca de 2%). Por curiosidade lembrei-me de ir ver as estatísticas do sector, relativas a 2006, publicadas pelo INE (tiques que ficaram de consultor). Ao que parece, em Portugal existem 40.000 camiões a trabalhar por conta própria, representando 57% da frota nacional mas apenas 19% das toneladas x quilómetro. Mesmo que admitamos que alguns desses camiões por conta própria estão em empresas de 2/3 viaturas dá uma empresa de camionagem para cada cerca de 500 portugueses.

Mais impressionante do que isto, contudo, é ver a surpresa de alguns camionistas que vão para a comunicação social queixar-se que "os grandes que têm 600 camiões pagam as viaturas e os pneus para elas mais baratas". Ora porra, então queriam o quê? Querem que a Scania ou a Michelin sejam obrigadas a vender os produtos a um preço de tabela qualquer arbitrário ou quê? Se calhar só descobriram agora esse fenómeno básico chamado "economias de escala". Vai na volta a seguir vão descobrir que também podem reduzir todas as outras despesas associadas a uma empresa de camionagem - o suborno do GNR, a oficina que falsifica o tacómetro, o contabilista que martela as contas para garantir que ao final do ano não é apresentado lucro nenhum ao fisco, etc.

O problema de Portugal não é a Luis Simões, é não termos mais 10 iguais. Se calhar já era hora de se restringir o número de licenças dadas a empresas de camionagem, para as obrigar a fundir-se.

Thursday, June 5, 2008

A agricultura em Portugal / Europa

Estando a acompanhar de perto a discussão relativamente à greve dos pescadores (que querem mais apesar de o gasóleo pesqueiro efectivamente não pagar imposto quase nenhum) reparo cada vez com mais frequência na tremenda injustiça dos subsídios atribuídos ao sector agrícola nos países ocidentais. Eu ainda posso compreender (com alguma dificuldade) subsídios destinados a manter o estilo de vida rural, no sentido em que pagar a alguém para tratar de terrenos abandonados se calhar saía mais caro. Contudo, não posso aceitar que isso se traduza no destruir de agricultores no terceiro mundo, incapazes de competir com produtos importados subsidiados de forma maciça.

Porventura o mais ridículo dos casos é o do açucar. Que gastemos imenso dinheiro a subsidiar produtores de milho e de beterraba e paguemos o açucar a um preço várias vezes acima do que ele custa no Brasil, por exemplo, já não parece estranho. O ridículo é andarmos a insistir em produzir um produto para o qual claramente não temos condições naturais. Aliás, o facto de não podermos produzir açucar e outros produtos que tais foi precisamente uma das razões que nos lançou nos Descobrimentos. Imaginem só como seria essa conversa agora.

Infante Dom Henrique (IDH): Paizinho, está-me a apetecer fazer um bolo. Tens aí uma chávena de açucar?
Rei: Desculpa, não tenho aqui nada. Já foste pedir ali aos vizinhos?
IDH: Já. Eles dizem que agora estão muito ocupados a combater os mouros e não podem atender.
Rei: O quê, eles ainda andam à volta disso?
IDH: É verdade, aqueles gajos são mesmo assim. Emprestas-me dinheiro para eu montar uma escola de navegação de nível mundial e descobrir a Madeira e o Brasil, então?
Rei: Epá, não vai dar, já prometi o dinheiro para subsidiar ali uns produtores de beterraba.

E não haveria mais de 200 milhões de falantes de Português no mundo.