Wednesday, January 23, 2008

Andar no MIT às vezes dá para ver algumas destas coisas interessantes

Tradicionalmente, no mês de Janeiro, o MIT não tem aulas (talvez por causa do frio, ninguém sabe), que são substituídas por uma coisa opcional chamada IAP (Independent Activities Period). Basicamente, durante este período qualquer pessoa ou grupo ligado ao MIT pode propor a realização de palestras, cursos, visitas, workshops, competições, etc., para crédito ou sem ser para crédito, que vão de temas como "nuclear fusion for dummies" a caças ao tesouro e lições de marcenaria (e agora que penso nisso, também de maçonaria).

Ontem, contudo, estive a assistir a uma conferência que existe todos os anos intitulada "some funny things happened in the way to the Moon", dada por um professor do MIT que foi um dos responsáveis por criar o conceito de navegação celestial para naves espaciais (a teoria por detrás dos actuais Star Trackers) e liderou o desenvolvimento do sistema de navegação das missões Apollo. Este ano a palestra contou com a participação especial do Bob Seaman, mais um antigo aluno e investigador do MIT que foi o Vice-Director da NASA durante a ida à lua e possivelmente uma das poucas pessoas no planeta que parecia ainda mais velho que o palestrante principal. Para além de vê-los contar histórias casualmente sobre o Kennedy, o Von Braun, o Buzz Aldrin e o Charles Stark Draper foi interessante ouvir alguns dos factos sobre o programa.

Para o sistema poder funcionar autonomamente da ligação à terra (havia medo que os russos fizessem o jamming das comunicações) foi preciso desenvolver uma coisa impensável à altura, um computador que aguentasse o ambiente do espaço. O computador que desenvolveram, com apenas 30 quilos de peso, tinha uns impressionantes 74kB de ROM e 4kB de RAM, com um tempo de resposta de 12 microsegundos (que, parecendo que não, dá uma velocidade de relógio inferior a 0.1MHz). Para aguentar a viagem tinha uma memória de "estado sólido", que na altura representava um emaranhado de fios metálicos que era programado por uma tecelã e demorava 6 semanas para a implementação de uma alteração no software. Mesmo assim, o computador conseguia ser mais preciso que o operador - o navegador da Apollo 8, Jim Lovell (o mesmo tipo da Apollo 13) teve que passar algum tempo em Cambridge a tirar medidas para o computador ser calibrado para os erros que ele iria introduzir no sistema. A segurança em torno do projecto era tão grande que no MIT Instrumentation Lab até as tabelas trigonométricas eram classificadas, mas isso não impediu os russos de publicar uma edição não autorizada em russo do livro do Battin (que, ao menos, teve a decência de manter a ilustração da capa e manter o nome dele, escrito em cirílico).

2 comments:

Vitor C. said...

Oh pires, nao acredito. Agora tb tás a ser "brain-washed" pelos americanos? Ja devias saber que os Russos foram, sao e sempre serão muito superiores em engenharia, e nesta coisa das matemáticas. O americanos limitam-se a importar "inteligência". Mas que raio Pires, acorda disso pah, do american dream, do american fear da Russia. Senão desiludes-me imenso.

Vitor C. said...

Eu sou capitalista, mas USRR forever! Basta ver os aviões que para aí andam sem precisar de manutenção. E os rocket engine fabricados em série e muitos com peças fabricadas há 40 anos!.