Thursday, December 13, 2007

E já começou

A campanha eleitoral para as Primárias aqui nos EUA já começou, e em força. O que já começou também foram os ataques negativos, com um dos candidatos mais fortes à nomeação republicana, Mitt Romney (antigo governador do Massachusetts) a ser atacado devido ao facto de ser mormon. Estranhamente, ele não está a ser atacado pelos democratas mas sim por candidatos republicanos, em especial o Mick Huckabee, que para apelarem à base fundamentalista religiosa estão a tentar catalogar o mormonismo como um culto e o Mitt como um seguidor desse culto (há que adorar estes fundamentalistas cristãos americanos - para eles até o catolicismo é obra do demo).

O Mick Huckabee é um candidato interessante por vários motivos. Governador do Arkansas (mesmo cargo previamente ocupado pelo Bill Clinton), tem estado a subir nas sondagens à conta de uma campanha eleitoral que gira à volta do tema "eu sou mais religioso que vocês" (ele até é um reverendo ordenado e tudo). Para além de defender o ensino do criacionismo nas escolas e coisas assim apareceu agora com um aliado de peso na campanha para a nomeação republicana - o Chuck Norris. O grande Chuck não só decidiu dar o apoio ao Mick como participar em videos de campanha dele, alguns deles a gozar com os "factos" àcerca do Chuck Norris:

http://youtube.com/watch?v=EjYv2YW6azE

"My plan to secure the borders? Two words: Chuck Norris".

Se os democratas não conseguem ganhar a um grupo de candidatos republicanos tão tristes então estamos mesmo mal.

Friday, November 30, 2007

Uma estratégia de marketing brilhante

Sinceramente não sei se em média os anúncios na TV aqui nos Estados Unidos são melhores ou piores que em Portugal (sei que definitivamente há muitos mais, mesmo para padrão TVI, e que a variância também é maior). Contudo, parece haver muito mais anúncios de produtos tipo TV Shop, mesmo em canais/horários mais mainstream (ou pelo menos nos canais que eu vejo - o raio da TV não tem comando pelo que na maioria das - poucas - vezes em que a vejo costuma ficar no Comedy Central que eu sou demasiado preguiçoso para me levantar e mudar o canal).

Há uns tempos para cá tem corrido um anúncio que me apraz comentar aqui hoje nesta edição especial do "Observações aleatórias dos EUA" com o vosso Miguel Valença Pires. É sobre um produto qualquer chamado Lipozeme ou qualquer coisa assim, desenvolvido por um tal de "Obesity Research Institute" que é publicitado como se fosse o único "medicamento" clinicamente provado para reduzir o peso corporal, especialmente gordura, numa "oferta especial não disponível em farmácias". Eu acho pessoalmente que o canal de distribuição escolhido faz todo o sentido do ponto de vista comercial - eu se algum dia descobrisse uma cura para um problema de saúde que afecta uma percentagem significativa da população mundial não a venderia a ninguém que não me ligasse nos próximos 10 minutos.

Segunda-feira vou passear por uns laboratórios no MIT ver se arranjo qualquer coisa desse género. Já estou a ver os anúncios: "Cansado de desidratação e diarreia crónica? Tem alergia ao quinino? A solução para os seus problemas chegou - cientistas no MIT descobriram a tão-aguardada cura para a malária. Um comprimido por dia reduz as suas hipóteses de uma morte causada por insectos em 95%. Ligue nos próximos 10 minutos e receba igualmente uma rede mosquiteira inteiramente gratuita, por apenas mais $9.99. O quê, não tem telefone aí no meio do pântano onde vive? Não há televisão por cabo no meio da savana em África? Pois então, azar, vai ter de ficar para a próxima."

Monday, November 26, 2007

Finalmente!

Ok, finalmente dei-me ao trabalho de criar um álbum on-line e uma selecção de fotografias daqui de Boston. O link é o seguinte:





http://www.flickr.com/gp/21255060@N07/8y0x6s

Quem quiser um ficheiro de Excel com a descrição das fotografias mande-me um e-mail. Para um pequeno taster da qualidade do material de que podem desfrutar vejam abaixo.

Tuesday, November 20, 2007

Neva sobre a marginal...

(por marginal entenda-se "Memorial Drive", que o Charles River também é gente).

Pois é verdade, hoje cairam os primeiros flocos de neve por aqui. É verdade que foram só uns minutos a meio da manhã, que nem sequer está temperatura negativa e que a neve derrete instantaneamente no contacto com o solo, mas já foi suficiente para eu correr para o exterior do prédio no intervalo das aulas feito um miudo e pôr-me a apanhar neve na cara.

P.S. - falando em mau tempo, a Apple aqui nos EUA tem uma série de anúncios bastante estúpidos ao iPhone, onde pessoas dão os "seus" testemunhos. Num deles, um tipo que finge ser um piloto comercial que estava parado no meio da pista por causa do mau tempo saca do iPhone e vè que afinal o tempo está bom, entra em contacto com a torre para reclamar e é-lhe dada autorização para descolar. Um tipo qualquer fez uma paródia genial a esse anúncio

http://www.youtube.com/watch?v=_EAQb2Fodbs&eurl=http://www.airliners.net/discussions/non_aviation/read.main/1761968/

Não consigo encontrar o anúncio original na Internet mas acreditem que esta versão está igualzinha, só que muito mais engraçada.

Thursday, November 15, 2007

A diferença entre alugar e comprar...

...tal como explicada pelo meu professor de contabilidade:

"I thought my Porsche was fast...
...until I rented a Camry."

(já agora, ele não estava a falar por si, estava apenas a citar alguém que ele conhecia).

Monday, November 12, 2007

It's a small, small, small, small world

Durante o fim-de-semana fui a alguns eventos do congresso do SEDS e tive oportunidade de ouvir falar umas pessoas muito interessantes e ver como certos meios são, de facto, pequenos.
Algo que achei interessante durante o congresso foi as vezes que foi mencionada a dicotomia NewSpace vs OldSpace (basicamente estas novas empresas que estão a sair de concursos como o X-Prize contra NASA/Boeing/Lockheed Martin/etc.). A maioria dos participantes do congresso (oradores incluidos) estava claramente biased a favor do fenómeno do NewSpace (acho que perdi a conta ao número de vezes em que alguém disse mal da NASA e da forma como, em parte por indecisões políticas, supostamente pararam de inovar e arriscar, etc.). Estranhamente, foi também a primeira vez desde que cheguei em que assisti pessoas a dizer bem do George Bush (ou melhor, meter uma foto dele num slide que não tinha um tom negativo), excepção feita ao meu colega comentador televisivo da Fox News (OK, foi só dizer bem do facto de ter decidido investir no regresso à Lua e na ida a Marte, mas enfim...).

O mais notório representante do OldSpace foi um antigo general de 4 estrelas que teve uma posição de destaque no Pentágono. Para além disso, é um cientista, antigo professor universitário, fez parte do programa de astronautas (nunca chegou a voar) e durante algum tempo foi um crítico tão feroz da NASA que para o calarem deram-lhe o cargo de chefe do centro Ames da NASA, perto de Silicon Valley. Apesar de estar lá supostamente para defender a NASA e tentar recrutar pessoas para lá respondeu a cerca de metade das perguntas que lhe fizeram com “Essa pergunta vai arranjar-me sarilhos mas...”. A relação de familiaridade que ele tinha com outros membros do NewSpace (Peter Diamandis, Rick Tumlinson, etc.) mostrava que já não era a primeira vez que tinham aquelas discussões sobre o futuro do espaço.

Depois de ver a apresentação do Peter Diamandis ao almoço fiquei com a sensação clara de que devia ter ido à festa que ocorreu no sábado à noite. O primeiro slide era dedicado ao tema “Mais uma vez o NewSpace ganha ao OldSpace” e tinha como imagem de fundo um jogo de Beer Pong (um jogo de bebida) onde a equipa do Peter Diamandis tinha ganho à equipa do antigo general de 4 estrelas e actual alto-responsável da NASA.

Friday, November 9, 2007

SpaceVision 2007

Este fim-de-semana há aqui no MIT uma conferência do Students for the Exploration and Development of Space (http://spacevision.seds.org/index.php). Devo confessar que não sei muito bem o que isso é mas a verdade é que vêm cá uma série de pessoas famosas nesta nova vaga de exploração privada do espaço, tais como o Peter Diamandis (da X-Prize Foundation, antigo papa-canudos do MIT) e o Elon Musk, assim como uma data de empresas estabelecidas.

Hoje fui assistir a uma palestra da Anousheh Ansari, a primeira mulher turista espacial e uma pessoa que contribui significativamente para esta nova vaga (deu bastante dinheiro à X-Prize Foundation, que acabou por dar ao prémio atribuído ao SpaceShip One o nome de "Ansari X-Prize"). Depois de assistir à palestra e ao vídeo dela fiquei com uma ideia menos negativa dos turistas espaciais (pareceu-me genuinamente interessada no espaço e no seu desenvolvimento comercial e não apenas querer uma história para contar no country club). No video mostrou uma cena engraçada que demonstra bem a diferença entre os programas espaciais americano e russo.

Todos os astronautas (incluindo turistas) têm que fazer treino de sobrevivência na floresta como os pilotos, que inclui aprender a disparar uma pistola. Como as naves espacias russas aterram em terra no meio das estepes (onde supostamente tudo pode acontecer) e não no mar todas as cápsulas Soyuz são equipadas com uma pistola automática (que supostamente só pode ser operada pelo comandante). Pelos vistos a ideia de meter armas no espaço não começou com o Reagan...

Tuesday, November 6, 2007

E ainda fala o pessoal da violência no entretenimento de hoje em dia

Fui ver na sexta-feira uma peça de Shakespeare chamada Titus Andronicus, encenada por um grupo de teatro formado por estudantes do MIT chamado Shakespeare Ensemble (bem que me podiam ter avisado que ele morre nos primeiros 5 minutos de uma peça de três horas...).
A história desta peça, combinada com a tragédia grega que fui ver há uns anos atrás cujo nome não me recordo agora (lembras-te, Branco?) e a ópera de Vivaldi que fui ver em Abril, Motezuma, leva-me a concluir que as pessoas que se queixam da violência excessiva na televisão e nos video-jogos hoje em dia reclama desnecessariamente. Não só é o nível de mortandade entre o elenco principal comparável a qualquer “The Departed” ou “Reservoir Dogs” como parece que não há nenhuma peça que chegue ao fim sem uma mãe/pai acidentalmente matar/comer para o jantar o filho.

Comparado com isto o “Carmageadon” parece um jogo para meninos.

Sunday, November 4, 2007

Eu sei que a televisão nos EUA tem muitos anúncios...

...mas algumas coisas passam dos limites. Um gajo ter que aturar 10 intervalos enquanto vê um filme ainda vá que não vá mas agora apanhar com um intervalo IMEDIATAMENTE a seguir ao genérico do South Park (sem um segundo que seja do programa) parece-me um exagero.

Thursday, October 25, 2007

É que não é para bater no ceguinho...


... mas tenho mesmo que ver se arranjo as chapas do "The Tech" que isto está-me a dar cabo do scanner.
Ontem estava planeado eu participar numa visita que estava a ser organizada ao reactor nuclear do MIT (que fica mesmo no campus e, tanto quanto sei, é operado por alunos). Infelizmente tive que desmarcar que surgiram-me outras duas coisas com prioridade àquela hora e durante um tempo fiquei um bocado chateado com a situação, por não poder ver o reactor. Às tantas pego no jornal para saber o que se estava a passar pelo campus e eis a notícia que vejo na capa.
De repente fiquei um bocado menos chateado por não poder ir...
P.S. - fiquei a saber depois que a visita toda foi adiada para a primavera, pelo que ninguém acabou por ir.

Monday, October 22, 2007

Coragem ou falta de chá?

Hoje, no âmbito do SIP (Sloan Innovation Period) assisti a uma palestra intitulada "Leadership on Wall Street", dedicada ao tema razoavelmente óbvio de liderança em Wall Street.

A primeira pessoa a falar foi um Managing Director do Citigroup (sim, eu sei que em banca de investimento os títulos são um bocado exagerados mas é basicamente um banqueiro de investimento bastante sénior) que é também o chefe de recrutamento do Citibank na MIT Sloan.

Sobre o tópico da liderança, ele resolveu falar um bocado sobre os problemas que afectam a gestão de topo do Citigroup (que basicamente tem um CEO muito criticado na comunicação social que não parece ter a confiança de ninguém nem fazer o preço das acções subir nem por nada mas o Conselho de Admnistração não parece encontrar ninguém melhor para o cargo - parece vagamente familiar com a situação nalgum banco português?). Contudo, começou por falar mal do actual CEO do banco, Chuck Prince, que aparentemente veio da divisão jurídica de uma das empresas que o Citigroup comprou (segundo ele, "Não percebo como é que alguém que nunca gerou um dólar de receitas para o banco pode ser o CEO de um banco como o Citi") e depois fomentou um debate entre a plateia sobre que possíveis opções é que o board do Citi tinha para resolver o problema e as implicações disso (no decorrer do debate ainda aproveitou para mandar umas bordoadas ao antigo CEO do Citi, que supostamente foi muito bom mas que queimou demasiadas pontes quando saiu para poder voltar).

Não é que não aprecie a honestidade e a franqueza com que ele abordou os problemas do seu próprio banco mas ser posto assim sem mais nem menos na posição de um board member do Citigroup sem direito às regalias que eles têm é um bocado estranho. E não deixo de pensar se será apropriado um empregado (bastante sénior) do Citi falar daquela forma...

Sunday, October 21, 2007

As coisas estranhas não se passam só no MIT...

Vindo de Portugal, para poder ter uma carta de condução americana a minha não me serve de nada - tenho que fazer um novo exame de código e condução (até aí tudo bem, é a prerrogativa dos Estados e não há nada que eu possa dizer).

Agora a coisa estranha é o que eu descobri hoje - se tivesse um brevet europeu e o quisesse converter para um americano era só uma questão de preencher uma papelada junto da FAA. É que convenhamos, as diferenças entre voar um avião ligeiro na Europa quando comparado com os EUA são muito maiores que as diferenças entre conduzir um carro na Europa e um carro nos EUA.

Friday, October 19, 2007

Pelos vistos não estou à tempo suficiente aqui em Boston...

...ou como certas coisas ainda me surpreendem.


Após dois meses e meio aqui pelo MIT já nada do que vejo pelo campus me devia surpreender. De facto, há um dormitório de undergrads por aqui que tem um nome estranhamente adequado, Random House (literalmente, "casa aleatória"). Contudo, nada me preparou para algumas coisas que vi ontem e hoje.


Começemos pelo início - ontem à noite, após ir sair a Boston, estava a regressar a casa pela Memorial Drive (a marginal de Cambridge) quando ouço um barulho estranho a vir do Killian Court, um pátio relvado em frente ao famoso Great Dome onde são realizadas as cerimónias mais formais do MIT. Fui ver o que se passava e qual não é o meu espanto quando vejo um grupo de rapazes e raparigas a jogar Naked Frisbee - ou pelo menos é a minha interpretação do que se estava a passar, envolvia discos voadores e pessoas em roupa interior (ok, ok, eu sei que roupa interior não é tecnicamente estar nu mas à 1 da manhã de uma quinta-feira de Outubro em Boston é suficientemente perto).


Hoje de manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço, peguei no jornal "The Tech" e ponho-me a folhear, quando me deparo com este anúncio:
Ao que parece, há um grupo de pessoas no MIT, intitulado de mitBEEF (http://web.mit.edu/mitbeef/) , dedicado à promoção do consumo de produtos de origem bovina* (claro que a este ponto o facto do primeiro tesoureiro do grupo ser um vegetariano já não deveria surpreender muito). O anúncio no jornal era a convocar uma manifestação em frente ao MIT Medical porque este grupo lançou um panfleto sobre vida saudável para estudantes onde recomendava a redução no consumo de carne vermelha. Quando passei lá perto na hora marcada (num dia de chuva) estavam cerca de 6-7 alunos com cartazes a apelar ao consumo de carne, a protestar contra os panfletos do MIT Medical e a distribuir carne seca e panfletos informativos.

*na verdade pouco mais deve ser que um grupo de pessoas que se juntam para comer bife.


Wednesday, October 17, 2007

Curiosidades sobre o jogo e/ou a "famiglia" real do Mónaco

Estive hoje numa palestra organizada no MIT, por um grupo chamado Technology & Society, relacionada com o tema do jogo (nomeadamente casinos e jogos on-line) e como eram afectados pela tecnologia. No painel estavam o Ben Mezrich, autor do best-seller "Bringing Down the House" (sobre a famosa equipa de Blackjack do MIT, que, segundo ele, "may or may not still exist" - vai sair em filme no próximo ano, com o Kevin Spacey a fazer de professor de matemática do MIT), uma professora do MIT, antropóloga social, que andou a estudar a indústria das slot machines e uma psicóloga ligada à Harvard Medical School que tratava viciados em computadores.

Os dois primeiros comentadores contaram uma série de histórias interessantes sobre a indústria do jogo. Não vou entrar muito em detalhe (até porque a maior parte delas deve estar nos respectivos livros) mas a professora do MIT foi especialmente interessante, saber o tipo de truques que os casinos usam para manter as pessoas agarradas às máquinas (a quantidade de pessoas de idade nos casinos americanos é tal, com as excursões organizadas por lares de idosos e tudo, que ao que parece há casinos em Las Vegas que oferecem free oxygen re-fills and prescription medication).

No final tive oportunidade de falar um bocado com o Ben sobre a equipa do MIT (que, para quem não sabe, foi banida de todos os casinos dos EUA e da Europa após ganhar entre 3 e 5 milhões de dólares no blackjack). Ao que parece, contar cartas não é proibido nos EUA (pelo que eles nunca foram presos) mas os casinos, que não podem banir alguém por causa de raça/sexo/orientação sexual, podem proibir alguém de entrar por ser demasiado esperto (será que vão começar a fazer testes de QI à entrada?). É verdade que os casinos mandam uns seguranças que levam a pessoa para a sala das traseiras onde ela é ameaçada, dizendo-lhe que vai presa e tudo o resto, mas como aparentemente a máfia já não controla o jogo em Las Vegas (só a prostituição) pouco mais lhes podem fazer. Na Europa, onde supostamente a máfia tem um maior controlo sobre o jogo, as coisas são diferentes - quando foram apanhados no casino de Monte Carlo uns tipos russos levaram-nos para um descampado onde lhes apontaram armas. Segundo consta, a família real monegasca, que para além de ser dona do condomínio privado onde se encontra Monte Carlo e cabeça de uma ditadura absolutista é dona do casino, tem uma "parceria estratégica" com um grupo de homens de negócios russos de reputação duvidosa que os ajuda a tratar de alguns assuntos (porque é que será que eu não estou surpreendido?).

Isto de um gajo estar fora do país é no que dá

Então não é que entro no site do jornal "A Bola" para ver a que horas é o jogo com o Cazaquistão e vejo que o Makukula não só foi convocado como jogou na selecção A? Portugal está assim tão desesperado, a jogar tão mal, que tem que meter o Makukula a jogar? Não só isso como tivémos que esperar até ao minuto 81 para marcar o primeiro golo.

Tenho que dar uma palavrinha ao Scolari quando for a Portugal pelo Natal...

Tuesday, October 16, 2007

Mais uma vez, sem comentários...

Da edição de terça-feira 16 de Outubro de 2007 do The Tech, o jornal mais antigo e mais lido do campus do MIT*



*não, não é um comentário, é uma descrição

Thursday, October 11, 2007

I bow to the masters...

Até hoje julgava que a minha curta carreira até ao momento me tinha já exposto a um bastante diverso leque de bullshit e tido o privilégio de ver em accção alguns dos melhores players do sector. Contudo, nada do que eu já tenha visto (nenhum PD, nenhuma reunião com sócio, nada) me preparou para o que eu vi hoje na aula de Organizational Processes (OP).


A seguir a falarmos ao SWOT (uma análise bastante over-rated mas enfim, o que é que se há de fazer?) a professora saca-me de um framework maravilha intitulado The Matrix of Change(tm). E não, não estou a gozar convosco, o framework tem mesmo trademark (nem sabia que se podia fazer isso). Aquilo é bullshit do mais puro e inadulterado que há, acabadinho de sair do intestino grosso de um boi - o pior é que acho que é esperado que tenhamos que aplicar aquilo no projecto que temos que fazer para a cadeira. Escusado será dizer que caso eu fosse um executivo de alguma empresa e alguém me mostrasse aquilo numa apresentação a reunião acabava logo ali.


Uma vez que aqui nos Estados Unidos é quase obrigatório meter a informação nutricional em tudo (acreditem ou não até as garrafas de água têm informação nutricional, com tudo a zeros obviamente) decidi criar um rótulo adequado para o framework:


É bom ver a motivação na companhia

Nas ultimas duas semanas o campus do MIT tem sido quase inundado por empresas a fazer apresentação de si próprias e dos seus programas para alunos de MBA (vou-me excusar por enquanto a fazer uma comparação detalhada entre as sessões de recrutamento dos vários bancos de investimento). Ontem ao almoço fui assistir a uma apresentação da General Motors (GM), em parte motivado pela curiosidade em saber porque é que uma empresa automóvel quase falida estava a gastar tanto dinheiro para tentar recrutar MBAs (incluindo pagar uma corrida de karts - mais adiante).

Ao que parece, a GM contrata cerca de 8 a 12 pessoas vindas de MBA para cada um de três grupos (o New York Treasurer's Office, como eles lhe chamam, um grupo de finanças e outro de consultoria interna - os dois últimos no Michigan). A apresentação até me despertou alguma curiosidade na empresa (especialmente o NYTO - pareciam ter algumas actividades bastante interessantes) mas reparei em dois pontos que me pareçeram algo recorrentes (especialmente tendo em conta a apresentação do dia seguinte): o desfilar de razões para convencer alguém porque é que Detroit é um bom sítio para se viver (ao que parece é preciso mesmo muita persuasão para se convencer alguém a mudar-se para lá) e o constante impingir de produtos GM (tentar convencer-nos a comprar um carro GM, incluindo o "employee discount" só porque estivémos na apresentação).

No dia seguinte a GM patrocinou na íntegra um evento do MIT Sloan Automotive Club, que alugou um autocarro para nos levar a uma pista de karts nos arredores de Boston onde fizémos um torneio, seguido de um jantar e de uma breve apresentação da GM (também pagou o aluguer para o fim-de-semana de um "Chevrolet Corvette ou equivalente" para o vencedor - acabou por ser um Cadillac sedan...). O tipo que estava a fazer a apresentação da empresa desta vez (um gajo mais novinho), para além de não parecer ter muita convicção no que estava a dizer saiu-se com pérolas como (do género ou equivalentes):

- "Os nossos carros já não são assim tão maus, a qualidade tem melhorado bastante."
- "Há quatro anos atrás quando me juntei à GM nunca pensaria em comprar um carro deles, agora troquei o meu carro por um Saturn (marca da GM) e estou bastante satisfeito"
- "Por favor comprem um carro GM, estão a pagar o meu salário"
- "Detroit não é horrível"

Com um discurso daqueles não sei como é que alguém pode ter dúvidas em concorrer...

Sunday, October 7, 2007

Uma coisa que ainda me faz confusão aqui nos EUA...

...é a maneira como eles anunciam na televisão medicamentos que só podem ser vendidos com receita médica. Envolvem sempre frases do género "Diga ao seu médico que precisa de XYZ", que é como quem diz "O que são anos e anos de estudo e experiência comparados com o intervalo do Dr. House?".

Para fazerem publicidade a medicamentos as empresas têm que deixar claro nos anúncios na TV os efeitos secundários do medicamento, seja oralmente através do narrador ou via texto que dê para ler. Na puritana televisão americana é algo comum ouvir-se frases do género "Se tiver uma erecção que dure mais de quatro horas consulte o seu médico" mas a frase que mais me partiu foi a que vi escrita no anúncio de um spray nasal para as alergias: "The way Veramyst works is not totally understood".

Friday, October 5, 2007

Aprende-se/deduz-se uma coisa nova todos os dias

No outro dia tive uma aula de micro-economia razoavelmente interessante onde falámos sobre monopólios. O professor nunca alegou isto (na verdade até não achou o argumento particularmente adequado) mas a conclusão lógica que eu tirei é que a sociedade como um todo não tem que estar preocupada com o monopólio da De Beers no comércio de diamantes. Eu passo a explicar:

Quando, num mercado, um monopolista fixa a quantidade produzida e o preço (no ponto em que custo marginal é igual a receita marginal, numa quantidade menor que os consumidores estariam dispostos a pagar) o "consumer surplus" (desculpa Bruno, não sei o nome em Português) é reduzido por uma quantidade maior que o aumento no "producer surplus". O resultado é a redução do "total welfare" (o que realmente deve preocupar a sociedade).
Agora atentemos no mercado dos diamantes - o conceito de "consumer surplus" não faz sentido, uma vez que diamantes é algo que uma pessoa não precisa. Sendo o CS zero independentemente da quantidade produzida, o "total welfare" para a humanidade na verdade aumenta com o monopólio.

Friday, September 28, 2007

Estes americanos são doidos...

...Então não é que fiquei a saber que no conceito de "Martini" não há na verdade nenhum Martini envolvido (ou, para esse efeito, nenhuma espécia de Vermute)?

Wednesday, September 26, 2007

Take me out to the ball park

Ontem tive um crash-course nas regras do basebol, enquanto assistia a um jogo dos Red Sox em Fenway Park. Mais do que uma equipa, os Red Sox em Boston são uma obsessão colectiva, e a única coisa capaz de gerar mais seguimento nesta cidade que gritar "Let's go Red Sox" é gritar "Yankees Suck" (ou usar t-shirts com frases do género "I hate Yankees fans" ou "Clemens is a little bitch" - yup, it's that personal).

Quanto ao jogo em si, é como alguns outros: é interessante de se seguir quando se está a torcer por alguma equipa (especialmente se ela for boa), especialmente devido à experiência comunal da coisa, mas ver um jogo completamente aleatório entre duas equipas que não nos dizem nada deve ser um bocado secante (o jogo é um bocado parado). No estádio, é interessante ver como toda a cidade lá aparece, todo o tipo de pessoas. Uns desgraçados ao pé de mim tentaram sem sucesso, repetidas vezes criar uma onda para dar a volta ao estádio, até que finalmente desceram para ao pé da vedação para o fazer. Quando voltaram ao lugar, já a onda ia em quatro voltas e ainda levava força, foram recebidos como heróis.

Os Red Sox ganharam 7-3 aos Oakland A's, com um home-run do "Big Papi" Ortiz no oitavo inning a desequilibrar de vez o marcador. Com a derrota dos Yankees ontem, estão a um ou dois jogos de ganahr a liga onde estão (depois disso ainda há os play-offs).

Acreditem ou não, o melhor tempo que eu já vi na vida

Pois é, é verdade... Não sei o que é que se passa (será que o Al Gore sempre tinha razão?) mas os dias por aqui têm estado absolutamente divinais. A temperatura tem estado no ponto certo, não muito quente não muito fria, e o sol de outono tem dado uma luz linda a tudo. Não sei se são os prédios em tons de terra à volta ou a luz do sol reflectida no Charles River perto de dezenas de barcos à vela e a remos, mas vendo a vista da janela do meu apartamento no 24º andar só dá vontade de estar lá fora.

O tempo está tão bom que domingo à tarde decidi ir dar um passeio de bicicleta por Boston e na segunda-feira (não tive aulas - feriado do MIT) acordei cedo, pedalei até à North Station, meti a bicicleta no comboio e fui até Rockport, uma hora a norte de Boston, em Cape Ann. Rockport é uma vila turística, cheia de galerias de arte e lojas e restaurantes tipicamente "quaint". Um pouco afastada da zona principal (à volta do porto e do cais) há uma pequena praia situada numa zona residencial muito "up-scale", com casarões impressionantes. Apesar de ser uma vila turística, Rockport não tem muita gente numa segunda-feira em finais de Setembro, pelo que as únicas pessoas na água eram eu, um senhor de idade que passava lá o Verão e uma mulher num fato de mergulho que andava a apanhar lagostas. Quando eles se foram embora fiquei com a praia só para mim - deitado na toalha, a secar e apanhar sol num dia daqueles enquanto a única coisa que se ouvia era o gentil som das minúsculas ondas a quebrar junto à costa não consegui deixar de pensar em como aquele momento era quase perfeito.

Tuesday, September 11, 2007

E estômago para isso tudo?

Quem já leu a banda desenhada PhD sabe que comida grátis ("free food") é parte integrante da vida de um graduate student (ouvi mesmo dizer que existe algures no MIT uma mailing-list cujo único objectivo é dizer aos seus elementos diariamente a localização e horário de todas as recepções / apresentações de empresas / etc. onde vá ser servida comida, irrespectivo do departamento). Contudo, às vezes as coisas podem ser um bocado exageradas.

Estive a olhar o meu calendário para amanhã (de moment0o tenho 2 calendários diferentes no local + 3 calendários diferentes no Google Calendars) e cheguei à conclusão que amanhã tenho 5 almoços grátis diferentes à mesma hora (por almoço grátis entenda-se "sandes, pacote de batatas-fritas, bolachas e uma bebida") e 2 jantares grátis. Ai o que seria de mim se não fosse o Outlook...

Wednesday, August 29, 2007

É por isto que eu não acredito no sistema de juris...

Hoje tive uma palestra entitulada "Leadership and the Law", dada por um professor aqui do MIT que era anteriormente sócio de uma firma de advogados famosa em Boston, especializada em direito corporativo. Às tantas, o professor começou a falar de um caso (sobre a fuga de gás de uma fábrica química em Bhopal, Índia, que matou milhares de pessoas em 1984) sobre o qual teoricamente teriamos tido algum material de preparação para ler (nomeadamente o acórdão de um tribunal americano relativamente à jurisdição onde julgar o caso).

O professor fez apenas uma apresentação factual do caso para os alunos que não o tinham lido, sem fazer qualquer espécie de juízo de valor sobre ele, mas pela maneira como o apresentou (como se a plateia fosse um júri), com a teatralidade que colocou em todas as frases e palavras, eu fiquei com a sensação clara que eu, uma pessoa relativamente bem informada sore o assunto (devido ao que tinha lido) acreditaria em pleno em qualquer ponto que ele estivesse a defender. Imagino o que o indivíduo médio que faz parte de um júri seria capaz de fazer face àquela argumentação.

Ao menos os juízes, que têm que aturar com aquilo todos os dias, já devem ter um grau de imunidade mais apurado e saber filtrar melhor a bull-shit.

Monday, August 27, 2007

Massachussets - red state ou blue state?

Ou a história de como eu pensava que um estado da costa Leste era mais avançado do que na realidade é.

Sempre achei um bocado estranho como o estado do Massachussets (MA) podia ser considerado um estado liberal (no sentido americano do termo, não no sentido europeu), dada a quantidade de "old money" que por aqui existe e a origem puritana dos seus residentes iniciais, mas atribuia essa imagem à quantidade de jovens que se deslocam a todo o estado (e em particular à zona de Boston) para estudar. Desde que cheguei já assisti a muitas coisas que contrariam essa imagem(especialmente no que concerne às leis que governam a compra e consumo de álcool) mas o que assisti hoje bate tudo.

Algumas leis, tais como a idade minima de 21 anos para beber (verificada com bastante frequência em bares, discotecas, etc.) e a proibição de beber na rua são frequentes a todos os estados, mas algumas coisas são bastante específicas. Comprar álcool em si não é nada fácil (a maioria dos supermercados não o tem e quando tem é apenas cerveja e vinho) e chegam ao cúmulo de ter tarifas de importação para vinhos domésticos (basicamente, cada garrafa de vinho vindo da Califórnia tem uma taxa destinada a proteger os produtores de vinho locais), algo inimaginável na União Europeia e que nunca pensei que pudesse ocorrer dentro do mesmo país! Quando muitos habitantes locais começaram a deslocar-se ao New Hampshire* (lembrem-se: live free or die) para comprar álcool qual foi a resposta do estado? Sobrevoar a fronteira com helicópteros para detectar os carros com matriculas do MA estacionados em frente a lojas de bebidas para os mandar parar, inspeccionar os carros e multar (a situação tornou-se de tal modo ridícula que o NH mudou o formato das matrículas para ficar parecido com as do MA para tornar impssível a distinção pelo ar).

Quando tentámos organizar uma festa de comida/bebida internacional num dormitório deparámo-nos com uns problemas para obter autorização para ter álcool (os passos pelos quais é preciso passar são mais que muitos) mas eu pensei que uma escola inteira da universidade (no caso, a Sloan), no seu banquete de recepção aos novos alunos, se conseguisse safar melhor. Então não é que no decorrer de um New England Clambake organizado debaixo de uma tenda gigante no meio do campus (basicamente lagosta e bebida à borla) aparece a polícia do MIT e manda encerrar o bar (nem sequer permitia às pessoas beber garrafas de água) e basicamente dispersar todas as pessoas?

*Uma coisa engraçada sobre o NH: a auto-estrada principal que que liga o MA ao NH é uma auto-estrada "à espanhola", em que basicamente qualquer pessoa que precise de pôr gasolina ou verter águas tem que sair da estrada e entrar na povoação mais próxima. A única excepção? Uma loja de bebidas pertença do estado do NH uns quilómetros antes da fronteira com o MA, que ficava mesmo na beira da estrada.

Sunday, August 26, 2007

MIT - there's no place like it in the world

Estar a tirar um MBA na Sloan School of Management, mais do que apenas estar a frequentar uma boa business school, é uma oportunidade unica de fazer parte de uma comunidade extraordinária (o MIT como um todo) que pura e simplesmente transborda de criatividade, imaginação e, mais importante do que isso, técnica.

Ler na internet antes de vir para cá um historial das melhores hacks (uma espécie de partidas muito específicas) já me deu uma ideia de que maneira o lema do MIT, mens et manus - mente e mão - é posto em prática. Uma visita guiada a alguns laboratórios do Departamente de Aeronáutica e Astronáutica (incluindo uma passagem pelo Wright Brothers Wind Tunnel) confirmou algumas ideias que eu tinha (o professor passava a vida a dizer dos alunos, incluindo alguns do segundo ano, coisas do género: "eu não sei onde é que eles vão buscar aquelas ideias, a gente diz-lhes que aquilo não pode funcionar mas os gajos constroem aquilo e a verdade é que aquela porcaria funciona") mas nada me preparou para o que eu vi hoje no regresso do metro para casa.

No relvado em frente a East Campus (um dos dormitórios mais sociais para undergrads) um grupo de alunos do EC decidiu montar uma feira/parque de diversões gratuito totalmente artesanal, feito de madeira, para comemorar o novo ano lectivo.
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
Basicamente, um pequeno grupo de estudantes (presumivelmente de engenharia) desenhou, projectou (esperemos...) e construiu uma série de diversões (algumas potencialmente perigosas) e, mais importante do que isso num país como os EUA, conseguiu permissão dos tipos da health and safety (sempre era preciso assinar uma waiver que mais não era que uma folha de abaixo-assinado e que dificilmente teria algum valor jurídico, mas enfim...). As diversões iam de coisas tão "simples" como escorregas de altura variável e piscinas de esferovite a aparelhos tão complexos e potencialmente letais como giro-coisos (ver foto abaixo) e eram acompanhadas de um espectáculo laser artesanal projectado nas paredes de um edifício alto do campus que se encontrava por perto.
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
Infelizmente hoje os que pareciam mais divertidos estavam muito cheios ou encerrados mas ainda deu para andar numa roda gigante, tipo rato encaujulado.
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Este sim é um amazing set of truly remarkable people. Não admira que saiam desta universidade tantas empresas.

Sunday, August 19, 2007

Passeio pela montanha

Acabei de regressar de uma viagem, organizada por alguns alunos do 2 ano, a umas montanhas no New Hampshire (a cerca de 3 horas e meia a Norte de Boston) onde fomos fazer montanhismo (mais concretamente, subir ao monte Mooselauke). Foi basicamente um fim-de-semana divertido a caminhar, beber cerveja e jogar as cartas/Trivial/Tabu/... (nao em simultaneo)

O New Hampshire e um estado a norte do Massachusetts bastante interessante. Comparado com o puritano Massachusetts e bastante liberal em muitas coisas, o que ocasionalmente e razao para disputa com os seu vizinho a sul. As leis sobre consumo de alcool sao menos restritivas (apesar da idade minima ainda ser 21) e o lema do estado (orgulhosamente representado em todas as matriculas) e "Live Free or Die" (se bem que pela maneira como os seus habitantes conduzem devesse ser "Live Free AND Die"). E conhecido como um estado de amantes do ar-livre, o que e compreensivel, uma vez que desde que cruzamos a fronteira do estado ate ao momento em que chegamos a estalagem (quase duas horas) nao vimos nada senao floresta e rios quase intocados (floresta a serio, nao os amontoados de pinheiros e eucaliptos que se ve em Portugal).

O "resort" onde ficamos hospedados, na face da montanha (longe da civilizacao, aka rede de telemovel), pertence a Universidade de Dartmouth (uma das universidades da Ivy League, conhecida pela paixao dos seus membros pelos "great outdoors") e os funcionarios (pelo menos durante o Verao) sao alunos da universidade. As instalacoes sao, no minimo, rusticas - uma cabana de madeira principal, com sala de refeicoes no piso de cima e sala de estar/jogos/biblioteca com lareira e casas de banho no piso de baixo e 3(?) cabinas com quatro quartos cada uma e 8 pessoas por quarto (dois beliches triplos e uma cama de casal). As cabanas tinham electricidade mas nao canalizacao, pelo que alguem que tivesse vontade de ir a casa de banho durante a noite tinha que tentar a sua sorte com os ursos.

As refeicoes "estilo comunitario" (dois jantares e dois pequenos-almocos) e o almoco preparado para a caminhada variaram entre o aceitavel e o extraordinariamente bom (claro destaque para o pao caseiro - o unico pao decente desde que aqui cheguei - e os croissants com doce, assim como a sopa de tomate).

A caminhada ate ao topo do monte (que esteve quase a ser cancelada por causa do mau tempo) e considerada intermedia, sendo basicamente um trilho de rochas (e alguma lama) pelo meio da floresta. Estou certo que a vista era linda mas, infelizmente, no caminho a unica coisa que conseguia ver eram os meus proprios pes (tinha que ter muito cuidado onde os metia) e do cume nao se conseguia ver nada, por causa das nuvens. Acabamos por subir ao pico sul (o mais baixo) uma vez que os ultimos 800 metros do caminho para o pico norte eram a descoberto (sem proteccao das arvores) e com o vento que estava (era quase impossivel ficar de pe no pico sul) a temperatura sentida aproximava-se dos 0 graus fahrenheit (-10 celsius, mais coisa menos coisa - nada bom para quem estava de fato de banho, como eu!).

No total foram um pouco mais de 10 quilometros ida e volta (variacao vertical de 600-700 metros). Quando cheguei a estalagem so conseguia pensar em cenas de filme, com o staff a embrulhar-nos em cobertores junto a lareira enquanto bebiamos chocolate quente e nos preparavamos para jantar e nem queria acreditar que so eram duas e meia da tarde (e portanto so se tinham passado quatro horas). Ainda me doem os joelhos.

P.S. - fiquei desiludido com o facto de nao ter visto vida selvagem interessante (um grupo que levou um carro a meio da noite para buscar mantimentos vitais - i.e. cerveja - afirma que viu um urso bebe no meio da estrada de terra batida mas eu nao vi nada disso) mas presenciei uma cena interessante: um gorila a perseguir uma banana no topo da montanha. Para alem de cozinhar, limpar, etc. o staff ainda tem tempo para subir tranquilamente mascarado quase ate ao topo da montanha, chegar la antes de nos, esperar ao frio, sair a correr do meio da floresta a gritar "socorro, socorro, ele quer-me comer" e descer a tempo de ter tudo preparado quando la chegamos.

P.P.S. - desculpem a falta de acentos e fotos (por enquanto) mas o meu computador nao anda bom, passar coisas da maquina para la para a Internet e' complicado.

Thursday, August 16, 2007

O MIT, apesar de ser conhecido como a melhor escola de engenharia do mundo, e uma universidade muito eclectica, com uma variedade muito grande de cadeiras e cursos a disposicao dos alunos (o que leva alguem a vir para o MIT tirar uma licenciatura em teatro ou escrita criativa e beyond me, mas enfim...). Ontem estava a passar pelo departamento de historia (fica no edificio onde estou a ter aulas) e deparei-me com um poster a anunciar esta cadeira

http://web.mit.edu/~21h.001/www/
21H.001 - How to stage a revolution

Nos proximos semestres supostamente vou poder escolher cadeiras de toda a universidade - sera que esta fica bem no curriculo quando me estiver a candidatar a alguma empresa? Nao sei e ate que ponto esta cadeira tera uma componente pratica.

P.S. - peco desculpa por nao fazer updates regulares mas no espaco de 48 horas avariou-se o meu computador (ainda esta avariado), o meu relogio parou, fiquei trancado de fora do meu quarto e a agua quente no meu chuveiro deixou de funcionar (isto para nao falar da avaria do portatil do meu colega de grupo minutos antes de apresentarmos o trabalho - o ficheiro nao estava em mais lado nenhum). Alias, com a sorte com que eu estou, ha uma boa probabilidade de, pelo simples facto de estarem a ler esta mensagem, o vosso computador vir a avariar tambem.

Tuesday, August 7, 2007

Tal como prometido...

...aqui vai um resumo dos primeiros dias.

Dia 1 (5 de Agosto, Domingo)

Chegado ao aeroporto bem cedinho, feito o check-in, passada a segurança e essas coisas passei para a zona de segurança, onde prontamente me deparei com o avião que me ia levar aos Estados Unidos, o Boeing 757-200 da US Airways de matrícula N205UW.


Atravessar o oceano num narrow-body não é a mesma coisa, digam o que disserem - a viagem pura e simplesmente não parece tão especial. O serviço também não é famoso (paga-se por headphones e vinho/cerveja, o filme mete o Ice Cube, etc.) mas a refeição que deram não era má.



Pena é terem feito o serviço de refeições com o horário do local de saída (almoço após a saída e lanche antes de aterrar)


E não ao contrário (o que ajuda a diminuir o jet-lag).

Chegado a Filadélfia, uma fila enorme para passar na imigração (agravada pelo facto de parecer não andar). Por sorte, a minha fila estava numa das pontas, pelo que quando abriram mais filas ao nosso lado deram vazão a quase toda a gente que estava na nossa. Contudo, não me consegui safar e fui mesmo parar ao gajo que estava a empatar a fila, um oficial da imigração com aspecto de nazi que parecia levar 3 vezes mais tempo a processar alguém na imigração que os colegas dele. Apesar de ter em cima da secretária um livro grande com um gajo na capa com um camuflado, um lenço à Arafat e um RPG chamado "Terrorist Minds" (será que ele usava mesmo aquilo para alguma coisa?) não me deu grandes chatices.
Passada a imigração, foi fila atrás de fila (alfândega, depósito de bagagens, segurança, etc.) até chegar à porta de embarque do avião que me ia levar até Boston, um 737-400 com um interior bastante degradado que se atrasou mais de uma hora na partida. Por volta das seis da tarde locais já tinha chegado a Boston (mas isso fica para outro dia e outro post que eu estou um bocado cansado - dormir sem estores na janela é complicado - e acrescentar fotografias ao final do texto aqui é complicado - elas parecem sempre ir parar ao início).



Monday, August 6, 2007

Um dia cansativo...

Estive o dia todo em correrias pelo que agora estou cansado e não tenho muito tempo para escrever. Vou só dizer que já tenho a minha carga toda comigo. As voltas que eu tive que dar para as conseguir levantar é que é outra coisa - tive que atravessar Boston inteira numa carrinha alugada, ir a um sítio perdido no meio das docas de South Boston (numa localização que poderia ser classificada no mínimo de sinistra) para carimbar o papel da alfândega, atravessar túneis pela faixa da "Via Verde" sem o dispositivo para isso, ...

Sunday, August 5, 2007

Chegada

E pronto, parece que estamos em Boston, não é verdade? Acabei de chegar há pouco (já arrumei as malas todos) e estou um bocado cansado, não me está a apetecer escrever agora muita coisa sobre a viagem e a casa (digamos apenas que o quarto estava, sem exagero, a uns 50 graus quando eu lá entrei), pelo que depois (talvez amanhã) dou mais pormenores.

Vou só referir que já percebi qual é a vantagem competitiva da US Airways no segmento transatlântico (basicamente é o preço) e que a viagem (7 horas e meia) é uma granda seca, mas felizmente tinha para me entreter o catálogo das compras em voo (quer dizer, compras em voo é um eufemismo - eu duvido que eles andem lá a passear no carrinho com rochas artificiais e estátuas de jardim). Aquilo é uma espécie de revista da Unibanco em ponto gigante e tem todo o tipo de gadgets que se possa imaginar (dos bem pensados, aos foleiros, passando pelos inúteis e acabando nos simplesmente ridículos). Folhear (e escrever sobre) aquilo são horas e horas de entretenimento garantido, e prometo que o vou fazer noutra altura (fanei um catálogo para isso) mas para já deixo-vos só com um teaser: sabiam que é possível comprar Bíblia que funcionam a energia solar (e não, não estou a gozar)?

Saturday, August 4, 2007

T minus pouco tempo

É já amanhã que me mudo de armas e bagagens para os EUA. Estive ontem a ver na televisão o Jay Leno, que tinha lá uma tipa qualquer chamada de Victoria casada com um David qualquer coisa e ao que parece o usual neste tipo de situações é ter dezenas de paparazzi à espera no aeroporto e um reality show a documentar a nossa adaptação ao novo país. Quando o "Miguel Valença Pires: Coming to America" estiver filmado eu depois digo-vos onde o podem encontrar, para ver cenas do género eu a ir a um banco abrir conta e coisas assim.

Sunday, July 29, 2007

Conteúdos das malas

Como de costume, a minha mãe e a minha avó lembraram-se de algumas "coisas que podiam vir a dar jeito" e foram comprar uns medicamentos de venda livre (Kompensans, Cicatrins, etc.) para eu levar, assim como um saco com umas agulhas, uns carrinhos de linhas, botões, etc.* O resultado: levo nas malas (duas delas já estão em Amesterdão, btw, prontas para apanharem um avião para Nova Iorque amanhã) material suficiente para montar um pequeno hospital de campanha no meu quarto, com capacidade para pequenas cirurgias incluída. Portanto já sabem - se por acaso estiverem a passar por Boston e tiverem um braço com aspecto de querer cair ou coisa que o valha passem por 550 Memorial Drive, em Cambridge, que eu arranjo-vos isso por um preço em conta (mais barato do que os hospitais americanos, pelo menos).

*o facto de a minha avó ter-me arranjado um saco com material para costura leva-me a crer que, ao final de quase 25 anos, ainda não me conhece verdadeiramente - alguém que já tenha passado mais de 5 minutos comigo acredita verdadeiramente que eu alguma vez seja capaz de, já não digo cozer botões, mas enfiar uma linha no buraco de uma agulha? Os meus pais é que sabem - assim que eu tive idade de começar a fazer a barba compraram-me logo uma máquina eléctrica não fosse eu degolar-me acidentalmente com uma lâmina de barbear

Sunday, July 22, 2007

Está quase...

É verdade: o emprego já ficou para trás (o que me dá mais tempo livre para não fazer nada), as malas para enviar como carga já estão prontas (43 quilos de roupa, livros, vinho e utensílios de cozinha) e até já começo a fazer algumas coisinhas na cozinha. Daqui a duas semanas estarei a chegar a Boston pronto para mudar aquela cidade para sempre.

Sunday, July 15, 2007

Sinto-me tão burro...

Estive a fazer uma coisa que nunca se deve fazer (e provavelmente desnecessária, mas enfim...) - dar uma volta por todos os cadernos, dossiers, folhas soltas, etc. que eu tinha do curso à procura de apontamentos e resumos que eu tinha de certas cadeiras que possam vir a ser úteis no MBA (é o chamado "descargo de consciência"). Para além de encontrar muito (mas mesmo muito) pó dei uma vista de olhos em muito material do curso que me fez sentir bastante burro. Como é que é possível que há poucos anos atrás aquelas coisas fizessem sentido para mim (ou pelo menos, no caso de algumas cadeiras, percebesse o suficiente para conseguir enganar os professores - ah, a maravilha dos exames resolvidos...) e agora eu olhe para aquilo como um boi para um palácio?

Não é para me gabar mas eu tomava uns apontamentos bem bons (e bastante policromáticos, como os meus modelos de Excel - conseguia escrever a 4 cores mais rápido que alguns colegas meus com uma), e tinha o hábito de, em muitas cadeiras, no final do semestre fazer um resumo (especialmente se o professor "dava" bons apontamentos e não se limitava a fazer uns rabiscos no quadro ou mostrar uns acetatos), para estudar melhor revendo a matéria ou levar para exames com consulta. Infelizmente não encontrei os resumos de algumas cadeiras que eu julgava ter feito (nomeadamente AMIII e Estabilidade de Voo, o único 20 que eu tive na vida, resultante de uma combinação de virtuosismo na caça à fórmula - o exame era com consulta - e do mindset "Olhe que se lixe, é o meu último semestre antes de bazar para o Hawaii e o rapaz até é simpático" do Kobayashi) mas por outro lado encontrei resumos que não me lembrava de ter feito.

Felizmente para mim, o meu maior receio não se concretizou - encontrei os originais da minha jóia da coroa, uns "resumos" brilhantes que eu fiz para a cadeira de Análise Matemática IV e que julgava perdidos irremediavelmente, emprestados a alguém que nunca os teria devolvido. Chamar resumo àquilo é porventura um exagero (afinal sempre eram 39 páginas...) mas aparentemente resultaram (foi a cadeira de matemática no Técnico a que eu me safei melhor, e graças à qual assisti pela primeira vez à táctica "good cop, bad cop" na oral - felizmente para mim a "good cop" era a regente da cadeira e o "bad cop" um assistente). Por acaso tenho pena que aparentemente a cadeira tenha deixado de existir por causa do tratado de bórlo-nha - era porventura a matemática mais importante de todas para um engenheiro (equações diferenciais power!), e a base teórica para alguma das cadeiras que eu mais gostei no curso, tais como VR, Placas e Cascas e CAE.

Thursday, July 12, 2007

Isto não augura nada de bom...

Do site da residência onde eu vou ficar.



A minha sorte é que vou ficar num 24º andar.

Tuesday, July 10, 2007

Hoje recebi uma notícia muito boa do MIT...

... mas não a posso colocar aqui não vá alguém de lá lembrar-se (ou encontrar este blog por acaso e pôr-se a fazer perguntas). Mais detalhes entrar em contacto.

A somar à REN o dia não foi nada mau.

Sunday, June 24, 2007

Uma mala já está fechada

Eu avisei-vos que eu era um gajo prevenido - a mais de um mês da ida já tenho uma mala (uma das que vai ser enviada via carga aérea) completamente fechada (já não entra lá mais nada). Lençóis, toalhas, camisolas, panos da louça, facas, talheres e até uma almofada já estão empacotados.

Sunday, June 3, 2007

Actividades para fazer no MIT?

Num passeio pelo site do MIT encontrei recentemente este site semi-oficial do Instituto, a glorificar a tradição de practical jokes pregadas pelos alunos do MIT (muitas delas a gozar com a malta de Harvard). Como não podia deixar de ser veio-me logo à cabeça uma ideia genial (se bem que um bocado elaborada) para pôr em prática (uma ideia digna da galeria de honra).

Será que eu consigo arranjar alguém para a implementar?

Friday, June 1, 2007

Mais uns papéis tratados

Pois é, quer parecer que já tenho visto de estudante. De 4 de Agosto de 2007 até 5 de Junho de 2009 estou oficialmente autorizado a residir nos EUA, onde posso estudar e trabalhar até um máximo de 20 horas (ou full-time fora do período de aulas).

Agora que já o tenho posso expressar quão incrivelmente estúpido é o processo de pedido de visto em Portugal, mas a minha eloquência não chega a tanto.

Já só falta os senhores do Espirito Santo despacharem-se com as análises (tembém há que dar o desconto, ainda só estão duas semanas atrasadas).

Sunday, May 27, 2007

Aqui está ele


(Or so I'm told...)

Friday, May 25, 2007

Já tenho viagem marcada!

Alojamento, não tenho. Visto de estadia, muito menos. Mas como gajo preparado que sou lá fui marcar a viagem (e já não foi nada fácil arranjar transporte para Dezembro!).

Ainda tentei ver as transportadoras aéreas mas os bilhetes eram muito caros, portanto arranjei um percurso alternativo:
- Inter-cidades até Aveiro (um pequeno luxo)
- Autocarro urbano até Ílhavo
- Bacalhoeiro "Nossa Senhora de Saltillo" até St. John's (Terra Nova)
- Boleia até Boston

Espero não enjoar.

EDITED:

Também já tenho casa!

Tuesday, May 22, 2007

Um conselhozito aos senhores do Espirito Santo

Eu sei que agora está muito na moda andar a construir hospitais e tal, e que vocês gostam muito de gastar dinheiro em instalações todas bonitas, cheias de jardins interiores e coisas assim. Como querem os melhores médicos, vão buscá-los aos Hospitais públicos. Contudo, não é necessário importar todas as práticas dos hospitais públicos, mas só as boas (senão o diferencial de preço vai apenas para pagar os jardins, os corredores largos,...).

O facto de ser prática comum num hospital público duas recepcionistas atenderem 1 (uma) pessoa em 25 minutos não quer dizer que nos vossos hospitais também seja assim.

Saturday, May 19, 2007

"Vai-se andando"

A resposta que não compromete!

Saturday, May 12, 2007

Laços

Foi hoje cortado o último (ou será que nunca existiu de facto?). Siga para Boston.

Friday, May 4, 2007

Primeira resolução de conflicto

Já decidi de que forma vou resolver o meu conflito com o Ministério da Saúde e a sua vontade de me encavar. Basicamente, encavando o Ministério das Finanças.

Se todos os conflictos na vida fossem assim tão fáceis...

Thursday, May 3, 2007

Primeiro post

Aqui vai o primeiro post do blog. Eu sei que ainda faltam três meses para ir para os States mas como eu sempre fui um gajo muito prevenido (já começei a fazer a mala e tudo) nada como começar cedo.

As desventuras de quem está a preparar uma ida para os Estados Unidos conseguem ser maiores do que qualquer coisa que uma pessoa possa experimentar por lá. Hoje tentei tratar de uns assuntos com o Ministério da Saúde e, como não podia deixar de ser, fiquei doente (ficar com o sangue a ferver é doença, não é?).