Thursday, June 5, 2008

A agricultura em Portugal / Europa

Estando a acompanhar de perto a discussão relativamente à greve dos pescadores (que querem mais apesar de o gasóleo pesqueiro efectivamente não pagar imposto quase nenhum) reparo cada vez com mais frequência na tremenda injustiça dos subsídios atribuídos ao sector agrícola nos países ocidentais. Eu ainda posso compreender (com alguma dificuldade) subsídios destinados a manter o estilo de vida rural, no sentido em que pagar a alguém para tratar de terrenos abandonados se calhar saía mais caro. Contudo, não posso aceitar que isso se traduza no destruir de agricultores no terceiro mundo, incapazes de competir com produtos importados subsidiados de forma maciça.

Porventura o mais ridículo dos casos é o do açucar. Que gastemos imenso dinheiro a subsidiar produtores de milho e de beterraba e paguemos o açucar a um preço várias vezes acima do que ele custa no Brasil, por exemplo, já não parece estranho. O ridículo é andarmos a insistir em produzir um produto para o qual claramente não temos condições naturais. Aliás, o facto de não podermos produzir açucar e outros produtos que tais foi precisamente uma das razões que nos lançou nos Descobrimentos. Imaginem só como seria essa conversa agora.

Infante Dom Henrique (IDH): Paizinho, está-me a apetecer fazer um bolo. Tens aí uma chávena de açucar?
Rei: Desculpa, não tenho aqui nada. Já foste pedir ali aos vizinhos?
IDH: Já. Eles dizem que agora estão muito ocupados a combater os mouros e não podem atender.
Rei: O quê, eles ainda andam à volta disso?
IDH: É verdade, aqueles gajos são mesmo assim. Emprestas-me dinheiro para eu montar uma escola de navegação de nível mundial e descobrir a Madeira e o Brasil, então?
Rei: Epá, não vai dar, já prometi o dinheiro para subsidiar ali uns produtores de beterraba.

E não haveria mais de 200 milhões de falantes de Português no mundo.

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