Sunday, October 12, 2008

Chamem-me génio, se quiserem

Eu normalmente negaria, por modéstia, mas neste caso acho que tenho mesmo que o reconhecer. Não é todos os dias que se tem uma ideia com o potencial de garantir a sobrevivência estratégica de Portugal por décadas.

Para quem não tem acompanhado, a Islândia está a atravessar uma grave crise financeira, com o estado a nacionalizar ou fechar todos os bancos e sem reservas de moeda estrangeira para repagar a dívida dos bancos que está a maturar (a dívida do sistema bancário é 12 vezes o PIB). A krona islandesa vale hoje em dia um terço do que valia à umas semanas atrás (um bónus para quem quer ir ver vulcões e gelo mas que causa inflação superior a 50%). A situação está tão má que o governo islandês viu-se obrigado a pedir um empréstimo de urgência aos russos, os últimos gajos a quem eu queria ficar a dever dinheiro.

Agora vem a parte engraçada - o que é que a Islândia tem de valor? Bacalhau. Aliás, é tão valioso que quase entravam em guerra com o Reino Unido há umas décadas atrás. Logo por curiosidade, bacalhau é também o recurso natural que é mais essencial a Portugal defender o acesso continuado (outros países preocupam-se com coisas sem importância, como petróleo). Ora, Portugal pode não ter muito dinheiro mas tem, por motivos históricos, a 13ª maior reserva de ouro do mundo, com 382.5 toneladas (vs as 2 toneladas da Islândia). Em vez de estar sem fazer nada num cofre qualquer no Carregado, a ganhar pó, esse ouro (ou pelo menos umas 20 toneladazitas dele) podia ser emprestado à Islândia durante algum tempo, com os juros a serem pagos em bacalhau (não necessariamente para ser consumido agora mas para garantir o futuro acesso às reservas).

Eu já há algum tempo que venho defendendo que a Marinha Portuguesa deveria ser dimensionada para permitir a invasão da Noruega caso alguma vez nos fosse negado o acesso ao bacalhau. Esta solução pacífica, para além de ser rentável por si só, permitiria poupar milhares de milhões de euros do orçamento do Ministério da Defesa ao longo das próximas décadas. Ficavam todos a ganhar (excepto os Russos).

Se me quiserem nomear para Ministro das Finanças ou dos Negócios Estrangeiros e das Pescas graças a esta brilhante ideia estou disposto a considerar a proposta.

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